sábado, 18 de junho de 2011

O TEMPO QUE SE PERDE...

O TEMPO QUE SE PERDE...

O tempo que perdemos com os pequenos detalhes, com os minúsculos “milagres” do cotidiano, com as coisas aparentemente insignificantes para muitas pessoas, mas que fazem uma enorme diferença para outras, como sentir o vento bater no rosto, contemplar o desabrochar de uma flor, o sol ir embora num fim de tarde, o sorriso inocente de uma criança, a água correndo no rio; enfim, tudo isso nos proporciona o exercício de SER humano, mesmo quando os tempos modernos tenham nos afastado desta realidade.
E agora você pode se questionar se ainda é possível, em meio a tanta correria, tantos compromissos, tanta tecnologia a dominar contemplar uma flor, uma criança, o sol, a chuva, as pessoas? Quantas vezes durante o dia deixamos de perceber que o outro, o nosso próximo tão próximo está ao nosso lado, ele está ali bem perto, às vezes até dormimos com ele, mas nem o percebemos.
Parece que perdemos a prática de ser HUMANO; muitas vezes, queremos ser DEUS, queremos provar para as pessoas que temos o poder em nossas mãos, que sabemos administrar nossas vidas e até conseguimos controlar a dos outros com nossos desejos e vontades. Sentimo-nos cheios de poderes: poder ir, vir, chegar, partir, falar, calar, fazer e acontecer. Mas, algumas vezes, esses poderes nos limitam, nos inquietam porque nos aprisionam sem que o percebamos.
Vivemos tempos difíceis, isto é bem verdade. Já nem conseguimos ler as notícias nos jornais, e nem é necessário; o vizinho já sabe, ele nos conta. Afinal, os acontecimentos nem são tão distantes, muitos deles têm acontecido ali bem perto de nossas casas, na rua do lado da nossa, na esquina. Ouvir notícia boa é coisa rara. A mídia está se acostumando a emitir coisas ruins, é o que dá ibope, vende mais, dá audiência.
Quanta coisa arrepia a espinha, inquieta a alma, deixa a gente dormente, adoece nosso interior. É, estamos adoecendo ainda mais, basta acompanhar os relatos da ciência; cada dia há um novo vírus sendo descoberto. Enquanto tentam encontrar uma vacina para uma doença, outra já está sendo disseminada, circulando ligeiro nos aeroportos, nas ruas. E os hospitais estão lotados, não há vagas, aliás, elas nem existem, mas as pessoas não têm para onde ir, senão mendigar atendimento para suas enfermidades físicas, já que as emocionais e espirituais são ainda maiores, parecem sem solução.
E o tempo que perdemos com tudo isso... Lá se foi boa parte de nossas vidas, ou quase toda, claro, não houve tempo para as coisas simples, para abraçar o pai, a mãe, os filhos, uma boa causa, porque “tempo é ouro”, e é mesmo. O tempo que se tem é curto, só dá para o trabalho, o estudo quando este é a única forma de chegar lá, mesmo que nunca se chegue, para curtir uma pelada com os amigos no fim do dia, um chopp após o trabalho, quem sabe uma balada pra “relaxar”. E aí se foi o dia inteiro. Voltar para casa é o fim de tudo, do expediente diário, o tempo agora é de dormir para acordar pro dia seguinte, e começar tudo novamente, como um ritual medíocre, porém, necessário.
Nesse cotidiano, a alma vai acumulando os resquícios dos projetos fracassados porque não houve tempo pra planejar direito, as coisas tiveram que acontecer assim, pra ontem, e os relacionamentos também estão nesses projetos que não foram planejados, pois havia pressa em formalizar algo que nem se sabe ao certo se era pra acontecer, mas aconteceu, a carência falou mais alto, talvez o medo de ficar só, porque solidão é coisa que não nasceu grudada no homem, ela se instala porque quer, até parece...
E os amigos, estes parecem que são produtos em extinção, são poucos, quando não, inexistentes para muitos. Confiar é verbo no pretérito, não no infinitivo, porque INFINITO é, literalmente, o que não tem fim: as misérias humanas. E os amigos são aqueles tipos, aparentemente, humanos, mas a quem denominamos “anjos” porque nos acompanham, nos protegem, impulsionam, seguram, intimidam a ir mais além, a seguir em frente, a acreditar que o dia chegará, mesmo que a noite seja sombria e cheia de lágrimas. Amigo é artigo de luxo, não é pra qualquer um, quem o tem que seja honesto, seja presente, que o segure firme e não o deixe escapar, senão, corre o risco de perder para a primeira pessoa que aparecer em sua frente, cuidado!
O mundo tem necessidade de muitos amigos. As pessoas estão diminuindo no mundo, as máquinas estão em maioria na contagem por densidade demográfica: homens e mulheres “máquinas” existem aos milhares. Máquinas porque esqueceram como sentir, ser, viver, relacionar-se, amar, crer etc.

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